Como muitos, desde pequena eu gosto
de escrever. Nas aulas de redação, o máximo de trinta linhas virava trinta
páginas – em geral professora não tinha folhas o suficiente para que eu
terminasse minha redação.
Como era apaixonada por Harry
Potter, aos dez anos entrei no universo de fanfics e tinha um ship muito
especial: Dramione (sim, me julguem). Aos doze anos, escrevi meu primeiro
romance original. Ótimo naquela época, hoje em dia... Livrem-me os cosmos de
lê-lo. Mas foi só o primeiro – muitos outros projetos vieram depois desse.
Aos quinze anos escrevi e dei um
livro de presente para meu então namorado no nosso aniversário de um ano.
Aquela época foi minha melhor fase de escrita. Escrevia no mínimo um conto por
dia. Meia hora sentada equivalia a quase duas folhas escritas. Tinha vários
projetos apenas esperando sua vez – era uma disputa tremenda, mas eu me
divertia muito. Com o papel e a caneta e também com meu blog à época.
Escrever era meu paraíso – em qualquer
momento, sobre o que fosse. Até as redações do meu ex eu escrevia por puro
prazer – e um dos meus maiores orgulhosos foi ter minha redação lida em classe
pelo professor dele, porque ele achou que estava excepcionalmente boa.
Mas então cheguei à universidade.
O problema de fazer uma faculdade
de humanas, às vezes, é a quantidade de leitura diária que é exigida. Uma
quantidade às vezes tão alta que tinha dias que não queria ver mais uma palavra
escrita sequer. A única coisa que queria era que meu cérebro parasse de
funcionar por um instante que fosse.
Mesmo assim, decidi me envolver
em um projeto de livro que me encantou no começo, mas que a faculdade combinada
com o estágio destruiu. Foram cinco anos escrevendo, mas escrevendo forçada –
porque tinha começado e não queria colocar na gaveta. Era o que devia ter
feito, pois pelos cinco anos que me envolvi com a aquela trama, ela sugou tanto
de mim que eu parei de gostar de escrever – porque não conseguia ver
fundamento. Porque não conseguia sair do lugar. Porque já não sabia mais porque
tinha começado a escrever...
Foi uma época sombria. Tão
sombria que nem um conto, nem mesmo um poema, uma frase saída de minhas mãos.
Meu amado Degradê, o blog que eu criara quando entrei na faculdade por ser o
início de uma nova fase, estava as moscas e meu gosto pela escrita, não existia
mais.
Então encontrei o NaNo e a única
forma que tenho para explicar o que o NaNo fez comigo é na forma de um encontro
místico. Encontrei um motivo para tentar escrever de novo. Para alimentar minha
paixão pela literatura novamente. Tentei – mas na primeira vez que participei, a
vida entrou no meio e não consegui nem mesmo alcançar dez mil palavras.
Daquele novembro de 2016 para
novembro de 2017, nada mudou. Ainda existia a paixão pelas histórias que
rondavam minha cabeça, mas a vida continuou a entrar no meio. E nesse novembro
não foi diferente. Tudo que poderia acontecer para atrapalhar que eu alcançasse
meu objetivo estava programado para esse mês, contudo, entrei no páreo conhecendo
minhas limitações temporais, no entanto, disposta a superá-las. Desde extração
de dente, até prova da OAB, nada seria um empecilho.
Assim, meu NaNo começou e agora, analisando-o,
vejo quatro fases: a fase da animação, da excitação, em que além de escrever
palavras suficientes para cumprir as metas diárias, até diário de meta eu
estava mantendo; a fase dos empecilhos, em que a OAB me impediu de escrever
tudo que eu queria, mas eu decidi dar prioridade aos estudos, crente que a
partir do dia 20, eu encontraria motivação para dar um gás e escrever o que
faltava; a fase da crise, da descrença, quando ao olhar meu gráfico e diante
das provas finais da faculdade, desacreditei que conseguirei; por fim, a fase
da vitória, do samba na cara da sociedade, que não chegaria sem o apoio do chat
nos momentos em que mais desacreditei de meu potencial.
Para mim essas fases representam
o meu caminho nessa jornada da escrita – de como precisamos entender que a vida
não vai parar e esperar até que você termine aquele projeto que você tanto
sonha e de que cabe a você se preparar e colocar a mão na massa se quiser
chegar lá. E diante disso, o NaNo me ajudou a voltar a encarar a escrita como
uma rotina diária – como a minha paixão da infância –, com os olhos no destino
final.
Mas, sinceramente, o melhor
presente que o NaNo me deu foi aprender a aproveitar o caminho também. Aprender
a aproveitar as pequenas vitórias – a meta diária, a meta pessoal. Mesmo a meta
abaixo da meta, mas quem se importa mesmo se vou chegar ao 50k ou não? O que
importa é aproveitar cada uma dessas palavras que serão colocadas no papel,
pois elas são partes de você.
Sim, essa foi a melhor parte do
NaNo. Foram todas as risadas no chat; foram todas as noites de crise com minha
trama; foram todas as invejas que senti das pessoas que terminaram antes
(inveja essa que, claramente, usei para escrever cenas e mais cenas). Apesar de
todo o drama, participar do NaNo foi a melhor escolha que tive para o novembro
turbulento que tive, pois agora sei que, não importa o que vai vir pela frente,
eu sei que sou capaz.
Obrigada povo.
Vocês são muito amor! <3