Último Momento




ESCUTE ENQUANTO LÊ



 Perdi o momento. Ele passou por mim que eu nem vi, mas sei que se foi. Você se foi. Quando a oportunidade passou, foi você que eu perdi. Eu tinha duas opções, meu orgulho ou você, e eu me prendi com força à primeira, da forma que deveria ter te abraçado.

 O amor-próprio, ou o que assim chamei, falou mais alto, e eu perdi o seu amor. Perdi muito mais que apenas amor. Por arrogância, deixei meu porto-seguro partir. Deixei minha fonte inesgotável de sorrisos secar por não querer dar o braço a torcer, por não querer ser a parte a ceder.

 Mas devia ter cedido, mesmo que apenas naquela vez. Depois seria tarde. Depois, todos nossos sentimentos bons seriam consumidos pelos ruins. Depois, só haveria restos do incêndio que era nosso amor. Quando virei as costas e fechei a porta do carro era o momento certo para voltar aos seus braços. Quando parti, era minha chance. A última dela.

 Deveria ter parado aquele carro e voltado para te abraçar mais uma vez, talvez assim não seria a última vez. Devia ter feito tanta coisa – podia ser tão diferente – mas eu apenas assisti você e minha chance desaparecerem no retrovisor.