Confesso, fiquei sem saber como agir da última vez que te encontrei. Fazia tanto tempo que não via seu sorriso sincero, seu olhar curioso e seu cabelo rebelde, que perdi o foco diante de todas as lembranças boas.
Minha mente se encheu de vontades, uma atrás da outra. Como eu queria passar meus dedos entre seus cachos mais uma vez, com suas mãos percorrendo minhas costas, como na noite do nosso último beijo. Seria tão bom se pudéssemos voltar àquela noite, sem preocupações, sem qualquer outra coisa além de nós dois.
Tanta coisa aconteceu depois daquela noite; e eu e você... bom, nós nos tornamos apenas as lembranças boas e ruins que vêm me atormentar cada vez que te reencontro.
Em geral, eu viraria o rosto, fugiria de você, ignoraria o passado, da mesma forma que você fez. Mas foi a forma convidativa com que você me olhou que me quebrou e me jogou ao poço da confusão.
Quis ser fria ou talvez demonstrar que estava chateada, mas quis ainda mais te abraçar apertada e matar a saudade que me sufocava por dentro.
Como disse, não soube como reagir. Arrastei-me até você e, em meio a vergonha de querer seu abraço, o medo de você perceber e o remorso por tudo que nos sucedeu, acabei optando pela frieza.
Fugi assim que pude, sem confiar em mim mesma, e passei o resto da noite analisando porque ainda me permitia ficar naquele estado por sua presença. Ignorei os sinais, mas eles me perseguiram minuto após minuto. Nem mesmo o álcool foi capaz de superá-los - não consegui calar os gritos internos.
Confesso, eles só se calaram quando te vi nos braços de outra, suas mãos correndo pelo cabelo que deveria ser meu, seus lábios beijando alguém que não era eu. No lugar dos gritos por atenção, veio o choro. Mesmo depois de tanto tempo, eu não estava pronta para aquilo e nem queria estar. Queria seu cabelo brincalhão, seu sorriso maroto e seu olhar carinhoso apenas para mim.