Pega Leve Com Você

By Luísa Scheid - sexta-feira, junho 29, 2018


Você pode ler esse texto ao som de
“Mika – Relax, Take it Easy”



Esses dias comecei a reparar no diálogo interno que travo comigo mesma e eu fiquei assustada com a ferocidade com a qual me atacava – e isso tudo no automático. Demorou pra eu tomar consciência e entender o absurdo que eu estava fazendo.

Eu gosto muito de uma frase que vi no filme “Comer, rezar, amar”: escolha seus pensamentos com o mesmo cuidado que escolhe suas roupas. Fácil falar, difícil fazer. Mas realmente precisamos nos tratar melhor. É infernal conviver com um juiz interno que fica condenando cada atitude e cada pensamento seu. É um ciclo: você acha que tá pensando merda e daí você se acusa por ter feito isso e daí se acusa por estar se acusando e assim a coisa segue. Não tem fim se você não intervir.

É treino.


Praticar essa intervenção requer muito autoconhecimento e muita consciência – que a gente vai adquirido conforme se abre para perceber coisas que antes não percebíamos, seja dentro ou fora de nós. É interessante. Você vai descobrindo seus pontos fracos, seus pontos fortes, seus medos, suas fortalezas… É uma delícia. Mas precisamos ponderar: em alguns momentos pegamos pesado demais (demais, demais, demais, demais) a ponto de achar que não temos solução, que somos perdidos, que somos aberrações. Mas isso é narcisismo puro camuflado de vitimismo.

Nossas dores não são maiores que as de ninguém, nossos defeitos podem sim ser trabalhados e nós não somos tão exclusivos assim para receber em doses altas de concentração várias mazelas de uma vez só. Não há nada tão novo assim abaixo do sol. Não menosprezando ou diminuindo nossas dores, mas só enfatizando mesmo que não dá pra viver com coitadismo. É egoísmo sim achar que somos os únicos passando por algo complicado. Somos mimados, muito mimados. Acho que não preciso explicar que cada um possui qualidades complementares – e por isso precisamos nos unir – e que somos todos especiais de jeitos diferentes, mas quando nos culpamos tanto por algo, acabamos num certo tipo de contradição. Perceba que muitas vezes somos muito bons ao dar conselhos aos outros, mas acabamos não os praticando. Faz sentido? Não, não faz. Somos uma contradição e vida que segue.


Treino.

Eu fico pensando qual o motivo para que nos torturemos assim quando pisamos na bola (ou quando achamos que pisamos, o que é bem diferente). Pensa comigo: somos humanos, somos mortais, somos complexos, estamos em constante evolução (as vezes em regressão, mas ok), vivemos em um universo gigante, cheio de pessoas que provavelmente sentem coisas parecidas, que se fazem as mesmas perguntas, que sentem os mesmos medos… Por que só você é tão ruim assim? Por que achar que todas suas dúvidas e seus medos te reduzem a nada? Pra quê se diminuir desse jeito?
Pega leve. Somos aprendizes eternos por aqui e não tem problema falhar (fácil falar, difícil dizer). Mas tenta. Tenta de verdade, com consciência, deixar de lado a ideia de que tem algo errado com você, de que você não merece as coisas e que tudo conspira contra sua vida. É sua mente te enganando – e você não é sua mente. Cuida de você com muito cuidado, porque se aí dentro as coisas estiverem meio desandadas, você se perderá nos seus passos. E sempre que você se pegar sendo rude e intolerante contra seus próprios pensamentos, sentimentos e ações, calma! Você corre um grande risco de estar sendo exagerado. E acho que quanto mais nos conhecermos, mais vamos saber lidar com isso de modo natural. Podemos escolher entre sermos nossos melhores ou piores amigos. Treina pra ficar com a segunda opção.


Texto por Karina Angolini

  • Share:

Similares

0 Comentários